BRIGADASDE INCÊNDIO
Introdução
um dos mais antigos problemas da humanidade era combater os grandes incêndios que, quando ocorriam, se tornavam devastadores, pois não podiam ser controlados, e destruíam tudo que encontravam pela frente. Com o avanço das civilizações, o homem começou a se organizar para prevenir e combater esses incêndios, surgindo, assim, de forma organizada, as primeiras equipes de combate ao fogo, que mais tarde foram denominadas “brigadas de combate a incêndios”.
Para que haja, em uma edificação, segurança contra incêndios de forma eficiente, devemos observar três
aspectos básicos:
- Equipamentos instalados: de acordo com o risco da edificação, sua utilização, área e o número de
ocupantes, serão projetados levando-se em conta quais devem ser os equipamentos de prevenção e combate a
incêndios necessários para protegê-la. - Manutenção adequada: de nada adianta possuirmos sistemas adequados e devidamente projetados
para uma edificação se eles não estiverem em perfeito funcionamento e prontos para o uso imediato. - Pessoal treinado: os equipamentos instalados e com uma correta manutenção serão inócuos se não
possuirmos pessoal treinado para operacionalizá-los de forma rápida e eficiente.
Assim, podemos perceber quão eficiente é a existência, a formação e o treinamento das brigadas de
combate a incêndios. O corpo de bombeiros profissional não conseguem estar presentes em todos os locais, como empresas, comércios e indústrias, por isso todas as legislações atuais determinam a existência de grupos treinados para o combate a incêndios, abandono de local e situações de emergência.
Histórico
Podemos dizer, então, que o combate a incêndios surgiu quando o homem sentiu a necessidade de controlar o fogo que, quando fugia do controle, poderia devastar tudo o que existia no local.
Uma das primeiras organizações de combate ao fogo de que se tem notícia foi criada na Roma antiga,
em 27 A.C. Um grupo conhecido como vigiles patrulhava as ruas para impedir incêndios e policiar a cidade. Nessa época, o fogo era um grande problema para os vigiles, que não possuíam métodos eficientes para sua extinção.
Em 1666, na Inglaterra, existiam as brigadas de seguros contra incêndios, que eram formadas por companhias de seguros, que foram criadas após um grande incêndio que ocorreu em Londres, o qual deixou milhares de pessoas desabrigadas. Essas brigadas foram criadas para proteger a propriedade de seus clientes.
No Brasil não foi diferente. As primeiras organizações de combate a incêndios só começaram a surgir após os grandes incêndios, como o que destruiu, em 1732, parte do Mosteiro de São Bento, próximo à atual Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Naquela época também eram muito escassos os meios para combater grandes incêndios.
Por causa do tipo de construção das casas e edificações da época, a maioria em madeira, e pelas ruas e vielas muito estreitas e irregulares, as chamas se propagavam rapidamente.
Como em várias outras partes do mundo, o alarme de incêndio era dado pelos sinos das igrejas.
Eles
alertavam as milícias, os aguadeiros com suas pipas e os voluntários da população, que ajudavam transportando os baldes de mão em mão da fonte de água mais próxima até o local do incêndio.
A dificuldade aumentava quando o incêndio ocorria à noite e as vítimas eram numerosas, em grande parte pela dificuldade de abandono dos locais em face da precária iluminação existente.
Em 1763 foi criado o Arsenal de Marinha, que foi escolhido para ter uma repartição preparada para extinguir os incêndios na cidade, levando-se em conta a experiência que os marinheiros possuíam em apagar o fogo em suas embarcações.
Tipos de brigadas
Podemos denominar de várias maneiras as brigadas, porém, de forma mais simplificada podemos classificá-las em três grandes grupos:
- Brigadas de incêndios: aquelas destinadas a combater princípios de incêndios nas edificações; são
compostas de funcionários treinados de diversos setores (ou de vários andares) da empresa para a extinção dos
focos de incêndio. - Brigadas de abandono: aquelas destinadas a realizar a retirada da população das edificações; são compostas de funcionários com treinamento especifico para o abandono de local. Não fazem parte da brigada de incêndio, pois, em uma situação de emergência, devem deixar o local junto com a população do prédio.
- Brigadas de emergências: aquelas que, além de combater princípios de incêndios, realizam também a orientação para o abandono de local; são responsáveis por sinistros e riscos de locais específicos, tais como inundações, vazamentos de produtos perigosos, vazamentos de fornos, etc..
As brigadas podem também ser divididas de acordo com o local de sua ocupação em:
- Brigadas industriais.
- Brigadas comerciais.
- Brigadas residenciais.
No caso de prédios, devemos ter exigências específicas para as edificações de acordo com a sua altura.
Definições de risco
A tendência atual é que o corpo de bombeiros e os órgãos reguladores das brigadas de combate a incêndios estabeleçam somente critérios básicos para a formação, deixando para o responsável pela ocupação da área definir, de acordo com os riscos existentes, qual seria a sua melhor composição da brigada e qual a qualificação mínima de seus membros.
Os órgãos oficiais devem definir e determinar, com muita clareza e propriedade, quais deverão ser os
equipamentos de prevenção e combate a incêndios (EPCI) que precisam ser instalados de acordo com os riscos existentes na edificação.
A partir dessa definição, sugerimos que sejam estudados critérios para a adequação do tamanho e da
estrutura das brigadas, para que elas se tornem viáveis de acordo com o número da população fixa existente em cada uma das áreas e setores da edificação.
Método de avaliação de riscos em edificações – Método de Gretener
O Método de Gretener é uma ferramenta poderosa para avaliar os riscos em edificações e garantir a segurança de seus ocupantes. Este artigo explora detalhadamente o funcionamento desse método, fornecendo insights valiosos para profissionais da área de segurança contra incêndios e gestores de edifícios. Desde os princípios básicos até a aplicação prática, você aprenderá como utilizar o Método de Gretener para identificar e mitigar os riscos em qualquer tipo de construção.
Palavras-chave: Avaliação de riscos, Método de Gretener, Segurança contra incêndios, Gestão de edificações, Prevenção de acidentes, Análise de riscos, Identificação de perigos, Plano de emergência, Proteção de ocupantes
Dúvidas Frequentes:
- Como funciona o Método de Gretener na avaliação de riscos em edificações?
- O Método de Gretener envolve uma abordagem sistemática para identificar e avaliar os riscos presentes em uma edificação. Ele considera fatores como a probabilidade de ocorrência de um incidente e suas potenciais consequências para determinar o nível de risco.
- Quais são as etapas principais do Método de Gretener?
- As etapas do Método de Gretener incluem a identificação de perigos, a avaliação da vulnerabilidade das pessoas e bens, a determinação das consequências dos incidentes e a análise do risco residual. Essas etapas ajudam a desenvolver estratégias eficazes de prevenção e resposta a emergências.
- Quem pode aplicar o Método de Gretener em uma edificação?
- O Método de Gretener pode ser aplicado por profissionais especializados em segurança contra incêndios, engenheiros civis, gestores de edifícios e outros responsáveis pela segurança e bem-estar dos ocupantes de uma construção. É importante contar com treinamento adequado para utilizar o método de forma eficiente.
Referências:
- Gretener, Heinrich (1979). Incêndio: Princípios de Combate e Prevenção. Editora Senac.
- Norma Técnica ABNT NBR ISO 31000: Gestão de Riscos.
A avaliação de riscos de ocorrência de incêndios e sua propagação sempre despertaram nos estudiosos
do assunto o interesse em calcular, de forma mais exata, qual seria a real necessidade dos equipamentos de prevenção e combate a incêndios e os meios materiais e de pessoal que deveriam ser exigidos para as edificações.
Foi em 1960 que o engenheiro suíço Max Gretener, diretor da Associação de Proteção Contra Incêndios
da Suíça, iniciou os estudos para tentar calcular de forma mais exata esses riscos. Em 1965, seu método foi publicado e visava calcular os riscos em construções industriais e edificações de grande porte. Esse método sofreu atualizações, sendo a última ocorrida em dezembro de 1996 pela Société Suisse des Ingénieurs et des Architectes (SIA). A Comissão de Estudos da ABNT CE 24:201-03 optou por esse método como base da norma sobre o potencial de riscos de incêndios em edificações.
Entre as medidas de proteção sugeridas pelo método são citadas como medidas especiais os escalões
de intervenção, que, para nós, são as brigadas de prevenção e combate a incêndios.
Parâmetro fiscalizador
Para sabermos se uma brigada de combate a incêndios está bem dimensionada para a edificação para a
qual prestará segurança, podemos nos ater a um parâmetro fiscalizador, que será baseado nos equipamentos instalados de acordo com o projeto aprovado no corpo de bombeiros.
Esse critério ajudará a verificar se o número de brigadistas não está hiperdimensionado para o local ou não seria suficiente em caso de uma emergência.
Para aplicá-lo, alguns pressupostos precisam ser considerados:
- Os equipamentos de prevenção e combate a incêndios são instalados conforme normas e critérios previamente estabelecidos pelo corpo de bombeiros, por intermédio da legislação vigente.
- Os equipamentos instalados, em especial os hidrantes e extintores, devem ter pessoal habilitado em
número suficiente para operá-los. - Para operar um hidrante de parede, sugere-se, por segurança, um mínimo de três pessoas habilitadas.
- Uma pessoa habilitada manuseia com eficiência e rapidez, nos primeiros cinco minutos de um sinistro,
aproximadamente duas unidades extintoras. - Nunca serão operados, ao mesmo tempo, todos os hidrantes de uma edificação, devendo ser observado
o cálculo do dimensionamento da rede.
Considerando que os parâmetros (critérios) de metragem quadrada x altura da edificação e população fixa
podem, por vezes, compor um quadro irreal e exigir um número ideal de brigadistas, tanto para mais quanto para
menos; poderemos adotar o critério do número de equipamentos instalados como um “sensor” e fiscalizador dos
dois primeiros, observando-se o seguinte:
Nº de brigadistas = (nº de hidrantes x 3) + (nº de extintores : 2)
———————————————–
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Para calcular o número de brigadistas necessários com base na quantidade de hidrantes e extintores disponíveis, podemos usar a fórmula fornecida:
Nº de brigadistas=(nº de hidrantes×3)+(nº de extintores÷2)2 Nº de brigadistas=2(nº de hidrantes×3)+(nº de extintores÷2)
Substituindo os valores fornecidos:
Nº de brigadistas=(2×3)+(100÷2)2Nº de brigadistas=2(2×3)+(100÷2)
Nº de brigadistas=(6)+(50)2Nº de brigadistas=2(6)+(50)
Nº de brigadistas=562Nº de brigadistas=256
Nº de brigadistas=28Nº de brigadistas=28
Portanto, com 2 hidrantes e 100 extintores disponíveis, seriam necessários 28 brigadistas para garantir uma cobertura eficaz em caso de emergência.
- Qual é a importância dos três aspectos básicos para garantir segurança contra incêndios em uma edificação?
Resposta: Os três aspectos básicos são: equipamentos instalados, manutenção adequada e pessoal treinado. Eles garantem que a edificação esteja preparada para prevenir e combater incêndios de forma eficiente.
- Quais são os principais grupos de brigadas de combate a incêndios e suas funções?
Resposta: Os principais grupos são: brigadas de incêndios (combate a princípios de incêndios), brigadas de abandono (retirada da população das edificações) e brigadas de emergências (combate a incêndios e orientação para o abandono de local). Cada uma tem funções específicas em situações de emergência.
- Como o Método de Gretener auxilia na avaliação de riscos em edificações?
Resposta: O Método de Gretener oferece uma abordagem sistemática para identificar e avaliar os riscos presentes em uma edificação, considerando fatores como a probabilidade de ocorrência de incidentes e suas consequências. Ele ajuda a desenvolver estratégias eficazes de prevenção e resposta a emergências.
Ten. Cel. Res. PM Abel Batista Camillo Júnior
Ex-oficial do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
Cap. PM Walmir Corrêa Leite
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo