Guerra entre Israel e Palestina é um dos conflitos mais complexos e duradouros do mundo

Introdução e Aviso de Complexidade
A guerra entre Israel e Palestina é um dos conflitos mais complexos e duradouros do mundo contemporâneo, com raízes históricas profundas, dimensões nacionais, religiosas, geopolíticas e humanitárias entrelaçadas. Não há resposta simples ou única sobre “quem é o maior culpado”, pois narrativas diferentes enfatizam fatores distintos. Esta análise busca apresentar perspectivas variadas, fundamentadas em fontes históricas e reportagens recentes, para ajudar a compreender por que o conflito persiste e por que existe rejeição (ou preconceito) contra judeus em diferentes sociedades. É importante ressaltar que apontar “culpados” em termos absolutos pode reforçar polarizações; em vez disso, exploraremos responsabilidades compartilhadas, dinâmicas de poder e falhas de liderança ao longo do tempo.


1. Contexto Histórico e Origem das Narrativas

A região da Palestina histórica passou por inúmeros domínios ao longo dos séculos: do Império Otomano até o Mandato Britânico (após a Primeira Guerra Mundial). No final do século XIX e início do XX, emergiram movimentos nacionalistas entre judeus (sionismo) e árabes-palestinos, cada um reivindicando autodeterminação naquela terra time.comndtv.com. A Declaração Balfour de 1917, apoiando “um lar nacional para o povo judeu” na Palestina, e subsequentes migrações judaicas intensificaram tensões com a população árabe local, que temia perda de terras e de direitos políticos laweducationforeveryone.combalfourproject.org.
Em 1947, a ONU propôs a Partilha da Palestina em dois Estados (um judeu e outro árabe), aceito pelos líderes sionistas mas rejeitado pela Liga Árabe, resultando na Guerra de 1948 após a declaração de independência de Israel. Cerca de 700 mil palestinos foram deslocados (Nakba para os palestinos), enquanto Israel consolidava seu Estado aljazeera.comndtv.com. Essas memórias de expulsão e perda alimentam narrativas de injustiça entre palestinos e comunidades árabes até hoje, enquanto para a sociedade israelense a fundação do Estado foi vista como garantia de segurança após o Holocausto e perseguições na Europa.


2. Expansão de Assentamentos e Ocupação

Após a Guerra de 1967, Israel ocupou a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. A construção de assentamentos israelenses em territórios ocupados tem sido considerada ilegal por resoluções internacionais e vista como obstáculo ao processo de paz uu.nllaweducationforeveryone.com. A expansão contínua de assentamentos fragmenta o território palestino, dificulta a viabilidade de um Estado palestino contíguo e alimenta ressentimento entre palestinos, ao passo que, do lado israelense, há percepção de segurança em manter “áreas estratégicas” sob controle direto ou indireto.
Em paralelo, episódios de violência por parte de extremistas de ambos os lados (ataques de grupos militantes palestinos contra civis israelenses e ações militares israelenses que causam numerosas vítimas civis palestinas) criam ciclos de retaliação e desconfiança. Reportagens recentes destacam a crise humanitária em Gaza, agravada por bloqueios, cortes de infraestrutura e dificuldade de entrega de auxílio, o que intensifica sofrimento de civis e críticas internacionais à condução israelense das operações militares theguardian.com.


3. Fatores que Alimentam o Conflito e Responsabilidades Compartilhadas

  • Lideranças e falhas de diplomacia: Ambas as partes tiveram momentos em que lideranças rejeitaram compromissos viáveis (por exemplo, acordos de Oslo nos anos 1990 ou propostas de Estado em 2000). Decisões políticas internas (pressão de eleitorados, alianças com grupos mais radicais) frequentemente impediram avanços. Do lado israelense, governos favoreceram segurança militar e expansão de assentamentos; do lado palestino, divisões entre Fatah (Cisjordânia) e Hamas (Gaza) dificultam uma frente unificada e negociação clara.
  • Intervenções regionais e internacionais: Países vizinhos e potências globais apoiam ou influenciam de maneiras que prolongam o impasse. Por exemplo, apoio militar e diplomático dos EUA a Israel, e de outros atores (Irã, Turquia, Qatar) a grupos palestinos ou regimes hostis a Israel, criam dinâmica geopolítica que torna a guerra parte de um tabuleiro maior. A escalada recente entre Israel e Irã, com ataques a instalações nucleares e retaliações, reforça sensação de cerco israelense e de jogo de poder regional washingtonpost.comft.com.
  • Narrativas de segurança versus resistência: Israel frequentemente justifica ações militares como necessárias para se defender de ameaças (lançamento de foguetes, infiltrações, atentados). Palestinos veem essas ações como ocupação e violações de direitos, respondendo com resistências militares ou protestos. A cobertura midiática tende a apresentar perspectivas diferentes conforme a fonte, alimentando visões adversariais.

Esses fatores indicam que, embora seja tentador apontar um único “culpado”, a responsabilidade é distribuída: cada decisão de manter status quo ou de recorrer à força contribui para a persistência do conflito.


4. Antissemitismo e Rejeição aos Judeus

Historicamente, o antissemitismo remonta a séculos na Europa (culpabilização religiosa, teorias conspiratórias sobre controle financeiro, estereótipos) e em outras regiões. O Holocausto marcou o auge, mas antes e depois dele, judeus enfrentaram perseguições, expulsões e discriminação time.com. Em muitas sociedades, preconceitos persistem: teorias da conspiração que associam “judeus” a interesses escusos, ou hostilidade exacerbada em momentos de tensão no Oriente Médio.
No contexto árabe e muçulmano, embora haja tradições de convivência histórica em certas épocas, surge antissionismo (oposição política ao Estado de Israel) que por vezes se mistura com retórica antissemita, generalizando a hostilidade contra todos os judeus, não apenas contra políticas do governo israelense. Isso reforça rejeição e violências, enquanto críticas legítimas a ações de governos israelenses podem ser distorcidas em discurso de ódio contra judeus como um grupo.
Adicionalmente, em várias regiões do mundo, tensões sociopolíticas internas se projetam em preconceitos contra minorias, incluindo judeus. Em épocas de crises econômicas ou insegurança política, grupos tendem a buscar bodes expiatórios, e minorias como os judeus historicamente foram alvos fáceis. Portanto, a rejeição a judeus não se limita ao conflito israelo-palestino, mas é potencializada por ele, criando um ciclo: ações de Israel geram críticas, que em certas narrativas extremas viram antissemitismo, alimentando reações violentas e justificando medidas de segurança que, por sua vez, aumentam a resistência palestina.


5. Por Que o Conflito Persiste?

  • Ausência de confiança mútua: Décadas de fracasso de negociações, violações de acordos temporários e ciclos de violência minaram qualquer confiança. Sem confiança, as lideranças enfrentam forte oposição interna a concessões.
  • Desigualdade de poder: Israel, apoiado por forte aparato militar e alianças internacionais, exerce poder dominante. Palestinos, em situação de ocupação e com recursos limitados, recorrem a resistência assimétrica. Essa assimetria gera sentimentos de injustiça, mas também dificulta encontrar um terreno de negociação equilibrado.
  • Fragmentação interna palestina: A cisão entre Autoridade Palestina (Cisjordânia) e Hamas (Gaza) impossibilita uma interlocução unificada. Isso reduz a capacidade de negociar compromissos credivéis e agrava a carência de governança que possa implementar acordos.
  • Dinâmicas eleitorais e políticas internas em Israel: Governos israelenses muitas vezes dependem de coalizões com partidos de direita e religiosos que favorecem manutenção de assentamentos e abordagens duras de segurança, dificultando concessões territoriais.
  • Intervenções externas e regionalismo: Atos de países como Irã, Síria e atores não estatais transformam o conflito em proxy regional. A instabilidade em países vizinhos e lutas por influência ampliam tensões, desviando atenções de esforços de paz diretos.
  • Fatores religiosos e simbólicos: Lugares sagrados em Jerusalém e na região carregam significado profundo para judeus, muçulmanos e cristãos. Disputas sobre acesso e controle desses locais inflamam paixões religiosas, tornando concessões ainda mais difíceis.

6. Perspectivas Recentes e pressão Internacional

Reportagens de meados de junho de 2025 apontam que, embora a crise humanitária em Gaza siga grave, atenções internacionais podem se mover para outras frentes regionais (por exemplo, tensões entre Israel e Irã atraem foco diplomático e militar) theguardian.comwashingtonpost.com. Isso reduz pressão por cessar-fogo e alívio imediato, prolongando sofrimento civil. Por outro lado, sanções ou críticas de aliados europeus podem surgir em resposta a impactos humanitários, mas envolvimento dos EUA e realinhamentos políticos internos dificultam imposição de soluções rápidas e imparciais.
Iniciativas diplomáticas (ex.: diálogos mediadas pelos EUA, ONU, Egito, Catar) muitas vezes fracassam diante de novas escaladas de violência, problemas de confiança e mudanças na conjuntura interna dos países envolvidos. A falta de um plano de longo prazo que contemple segurança israelense e viabilidade de Estado palestino, além de garantias de direitos civis e retorno de refugiados, mantém o impasse.


7. Reflexões Críticas sobre “Culpas”

  • Visão simplista de culpabilidade única: Atribuir culpa total a um lado ignora as interdependências históricas e políticas. Ambos os lados cometeram atos que aprofundaram o conflito: expulsões, repressões, ataques indiscriminados de militantes, políticas de assentamentos, entre outros.
  • Responsabilidade de lideranças e da comunidade internacional: Além dos atores diretos, potências globais (por exemplo, apoio militar e diplomático sem condicionalidades reais) e regionais (financiamento e armamento a grupos) têm contribuído para prolongar hostilidades. Ausência de uma abordagem internacional coerente de paz com compromissos claros de segurança para Israel e de autodeterminação justa para os palestinos mantém a situação estagnada.
  • Fatores estruturais e psicológicos: Narrativas de medo e hostilidade moldadas por gerações geram percepções de “inimigo existencial”, tornando difícil o reconhecimento da legitimidade do outro. Educação, mídia e discursos políticos alimentam polarização.

8. Possíveis Caminhos e Barreiras ao Fim da Guerra

  • Reconstruir confiança: Necessário cessar-fogos duradouros, monitorados por vigias internacionais, combinados a programas de intercâmbio, contatos entre comunidades civis e iniciativas de reconciliação.
  • Plano de dois Estados revisitado: Apesar de parecer cada vez menos viável por assentamentos, muitos especialistas ainda defendem solução de dois Estados com fronteiras negociadas, garantias de segurança e mecanismos para lidar com refugiados. Porém, isso exige concessões difíceis de ambos os lados e compromisso internacional firme.
  • Alternativas e propostas inovadoras: Alguns propõem federação confederal ou soluções de soberania compartilhada em Jerusalém, mas tais ideias enfrentam desconfiança. Qualquer alternativa depende da vontade política de líderes dispostos a priorizar paz sobre ganhos imediatos.
  • Pressão internacional equilibrada: Apoio a Israel condicionado a avanços de paz e respeito a direitos humanos; apoio a desenvolvimento econômico e institucional palestino alinhado a governança transparente e combate ao extremismo.
  • Enfrentar o antissemitismo e a islamofobia globalmente: Reduzir preconceitos externos pode criar ambiente mais propício a apoiar soluções justas. Incentivar sociedades a diferenciar críticas a governos de hostilidade contra grupos étnico-religiosos.

9. Resumo

Não há um único “maior culpado” de forma absoluta; o conflito reflete falhas históricas, políticas e decisões de múltiplos atores ao longo de décadas. Tanto israelenses quanto palestinos sofreram traumas profundos, e ambos têm responsabilidades em escolhas que perpetuaram a violência. Antissemitismo e rejeição aos judeus decorrem de preconceitos históricos que, embora distintos da crítica a políticas israelenses, se entrelaçam e agravam tensões. Para entender por que a guerra não acaba, é preciso reconhecer a assimetria de poder, divisões internas, intervenções externas e narrativas de medo que bloqueiam compromissos. Embora o panorama seja sombrio, esforços diplomáticos, pressão internacional equilibrada, iniciativas de construção de confiança e enfrentamento de preconceitos representam caminhos possíveis, embora difíceis, para a busca de uma paz duradoura.


Referências (citações principais):

Esta análise não esgota o tema, mas procura fornecer uma visão crítica e equilibrada, fundamentada em múltiplas fontes, para ajudar na compreensão das razões históricas, políticas e sociais por trás deste conflito e sua persistência. É fundamental manter-se atualizado via fontes confiáveis e reconhecer a complexidade ao discutir “culpas” e possíveis soluções.